quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

O Homem Lúcido

O Homem Lúcido sabe
que a vida é uma carga tamanha de acontecimentos e emoções que ele nunca se entusiasma com ela
Assim como ele nunca tem memórias

O Homem Lúcido sabe
que o viver e o morrer
são o mesmo em matéria de valor
posto que a vida contém tantos sofrimentos
que a sua cessação não pode ser considerada um Mal

O Homem Lúcido sabe
que ele é o equilibrista na corda bamba da existência
Ele sabe que por opção ou por acidente
é possível cair no abismo a qualquer momento
interrompendo a sessão do circo

Pode também o Homem Lúcido
optar pela vida
Aí então Ele esgotará todas as suas possibilidades

Ele passeará pelo seu campo aberto
pelas suas vielas floridas
Ele saberá ver a beleza em tudo!

Ele terá amantes, amigos, ideais
urdirá planos e os realizará
Resistirá aos infortúnios
e até mesmo às doenças

E se atingido por um desses emissários
saberá suportá-lo
com coragem e com mansidão

E morrerá, o Homem Lúcido, de causas naturais
e em idade avançada
cercado pelos seus filhos
e pelos seus netos
que seguirão a sua magnífica aventura.

Pairará então sobre a memória do Homem Lúcido
uma aura de bondade
Dir-se a: -Aquele amou muito. Aquele fez muito bem as pessoas!

A Justa Lei Máxima da Natureza obriga que a quantidade de acontecimentos maus na vida de um homem se iguale sempre à quantidade acontecimentos favoráveis

O Homem Lúcido porém, esse que optou pela vida
com o consentimento dos deuses
tem o poder magno de alterar essa lei

Na sua vida, os acontecimentos favoráveis serão sempre maioria...

Porque essa é uma cortesia que a Natureza faz com

Os Homens Lúcidos

*O texto é uma livre tradução, parte de um Tratado sobre a lucidez, que teria sido escrito no séc. VI a.C, na Caldéia – parte sul e mais fértil da Mesopotamia, entre os rios Eufrates e Tigre

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